quarta-feira, 27 de maio de 2009

Palavras do Vini sobre as apresentações de Itajai

“Dia difícil! As apresentações de hoje nos fazem refletir sobre a inserção da arte na realidade escolar e na mediação que deve ser feita para a formação dos alunos como público. E mais além, na formação dos professores enquanto público e multiplicadores da forma como se portar num espetáculo teatral. Sem querer ser duro e nem generalista mas, arrisco dizer que as situações vividas hoje extrapolam a falta de contato com a arte, mais especificamente, o teatro, para se resumir em descaso e desrespeito com o fazer teatral e o artista. É muito compreensível que os alunos dirijam-se agitados ao teatro por condicionantes peculiares à idade, fazendo brincadeiras, falando alto, ou mesmo interrompendo o evento com gracinhas e outros gestos, mas isso não é nada sem solução. Bem pelo contrário, o diálogo e o contato com o teatro vão proporcionando aos poucos o comportamento tido como ideal. No entanto, quando os alunos não tem nos professores um referencial do mínimo respeito que se espera com relação a artistas que se esforçam para oferecer o melhor para o seu público, a experiência a que o teatro se propõe a ser acaba se dissolvendo em algo insignificante e desinteressante para os próprios alunos. Por vezes defendo a visão romântica do trabalho do ator como uma entrega ao público daquilo que lhe é mais precioso, do ator a serviço do publico, mas apenas no sentido de que devemos estar cada vez mais desprovidos das vaidades do “eu” para fazer o teatro para o outro, para o público. Isto, no entanto, não autoriza ninguém e destratar os artistas como se estes estivessem sujeitos à mais fria versão da relação patrão-empregado. Digo isso porque hoje havia professores e coordenadores entrando e saindo no meio do espetáculo, colocando móveis na sala da apresentação simultaneamente à peça, mostrando a sala para visitantes da escola, permitindo a entrada de alunos no meio da peça, destratando alunos que só queriam assistir à peça com conforto e como se isso não fizesse a menor diferença para quem estava suando no palco e nos bastidores. Depois do desabado não posso deixar de registrar aqui que nem tudo foi perdido. Fora os contratempos, havia muita gente dentro da peça, até mesmo professores. Então, o teatro aconteceu hoje em duas sessões, ficou estabelecido um belo diálogo entre nós e o público, ambos entregues mutuamente. É preferível então carregar conosco a imagem dos olhos atentos e sorrisos abertos da criançada e da professorada que tava a fim de ouvir as histórias do bom malandro. Parte da minha família estava presente lá, o que me deixa feliz em compartilhar com ela algo tão importante pra mim, o universo teatral. É isso, como diz o Maikon, num de seus surtos filosóficos, “bola pro mato que o jogo não é de campeonato”. Vamos em frente. Amanhã, Tijucas! Vamo que vamo Malasartes!“


Vini, ator e membro da CIA Rustico Teatral


Eu - Maikon K - tirei a foto.


Clicando aqui tem uma coisinha que escrevi inspirado no dia de hoje.

3 comentários:

Alberto Ferreira disse...

Força na cortina aí pessoal, nada de desanimar.

Coloquei uma imagem para vcs lá no
www.degustandomemorias.blogspot.com

Sara disse...

"a imagem dos olhos atentos e sorrisos abertos da criançada e da professorada que tava a fim de ouvir as histórias" Pensem que isso sempre vai fazer tudo valer à pena!
E o resto é reflexo do nosso sistema educacional falido, infelizmente! Mas... Boa sorte (ou, muita merda) sei que vocês estão fazendo muitas pessoas felizes! Tá confirmado pro dia 02 de junho, em Floripa?
Sara.

Anônimo disse...

Sara, tá confirmado mesmo :-)
maikon k